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sábado, 8 de março de 2014

Feliz Dia Internacional da Mulher!

Um amigo perguntou há algum tempo minha opinião sobre uma data específica para a celebração do dia da mulher. Na ocasião, há cerca de dois anos, coloquei-me contra o fato de se instituir data comemorativa ao dia da mulher mas não ao dia do homem. Em minha opinião, isso era um indício de discriminação contra o sexo feminino, pois, se homem e mulher de fato tivessem direitos iguais, não se justificaria estabelecer qualquer data especial para um e não para outro. Achava que todo o alarde em torno do oito de março era, na verdade, um reforço velado ao preconceito e sentimento de superioridade do homem, um prêmio de consolação do senhor dominador para o "sexo frágil".
Pois bem, minha opinião mudou. Acordei hoje pensando no progresso da figura feminina no mundo. Na luta contínua e tantas vezes silenciosa de muitas mulheres contra o desrespeito. No avanço social, político e econômico da mulher ao longo dos anos. Na multiplicidade de papéis que as mulheres acumulam. E senti um enorme orgulho de ser mulher e ter uma data para celebrar o meu  dia.
Dia meu, da minha filha, da minha irmã, da minha mãe, das minhas primas, das minhas tias, das minhas amigas. E de todas as mulheres, próximas ou não, conhecidas ou não.
Recentemente, minha tia, que vem de família grande e muito humilde, contava que sua mãe formou as cinco filhas com o princípio de jamais aceitarem qualquer manifestação agressiva de homem algum. Isso porque a mãe, embora nunca vítima do pai, conheceu mulheres que chegaram inclusive ao óbito em decorrência de espancamentos causados por seus maridos. Falava ela de casos ocorridos no interior do estado do Rio de Janeiro na década de 60 - não de terras ou épocas distantes. Muitas ações violentas e injustas com certeza permanecem, mas inúmeras outras felizmente foram banidas. E hoje a maciça maioria das mulheres se reconhece como ser independente, pensante, opinante. Submeter-se à força física e pretensa superioridade masculina é uma realidade cada vez mais distante e menos presente.
É importante que nós, mulheres, tenhamos orgulho sim! E possamos transmitir às nossas pequenas fêmeas o sentimento de auto-valorização e auto-estima desde a mais tenra infância. Precisamos enfrentar com toda feminilidade e firmeza qualquer vestígio de dominância masculina. E acreditarmos do alto dos nossos saltos em nós mesmas e em nossas capacidades.
Venho de uma ascendência de mulheres fortes que marcaram, cada qual ao seu modo, seu espaço no mundo. Mãe da minha mãe,  minha avó foi mulher de personalidade marcante, dona de casa de pensamentos próprios, matriarca defensora dos filhos e netos, mística devota, modelo de honestidade e formação de valores, abrindo para a filha as portas do estudo como fator de libertação. Minha mãe, embora criada para ser professora formada pelo Instituto de Educação nos anos dourados, conquistou sua colocação em concurso público e galgou sua independência financeira, a despeito do marido conservador. Transformou-se em mulher moderna, independente, e fez da liberdade seu lema de vida. "Viva e deixe-me viver" foi a máxima condutora da formação de suas filhas, a quem legou o desejo de alcançar a felicidade através da não-dependência, para a qual a emancipação financeira era condição sine qua non. Agradeço às mulheres da minha vida os exemplos que cultivei desde cedo para construir meus próprios arquétipos de feminino, compartilhados e acrescentados por outra figura de enorme importância: minha irmã.  E me empenho na formação da mais jovem participante deste clã familiar. Que minha filha mantenha em si o orgulho de ser mulher, permitindo-se as dualidades de força e fraqueza, rigidez e flexibilidade, alegria e tristeza, sensatez e loucura. Porém a certeza única e indubitável de jamais ser inferior ao sexo masculino.
Não defendo um discurso feminista, mas feminino. Reforço o ideal de homem e mulher em parceria, harmonia, complementaridade. Que estejamos todos no caminho do reconhecimento de homens e mulheres como seres que merecem igual respeito. Seres humanos.
E  que venhamos ambos os sexos, portanto, a celebrar o dia de hoje. A todas as mulheres do mundo, feliz Dia Internacional da Mulher!