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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Desabafo

Ler ou escrever? Eis a questão. Dormir não deveria ser, mas é sim a última opção. Amanhã é dia de acordar cedo, dia de trabalho intenso, e onze horas da noite não parece ser horário para nada além de ir para a cama. Entretanto, o livro de um lado e o laptop do outro me trazem a dúvida: Continuar a trajetória espiritual de Liz em ‘Comer, Rezar e Amar’ ou digitar parte da minha própria jornada de vida? O egocentrismo venceu e aqui estou eu, computador no colo, a escrever.
Egocêntrica? Há quem pense que sim. Mas quem não o é, ao menos em algum momento da vida? Quero buscar os meus interesses, a minha satisfação, o meu prazer. Reconhecer o que gosto e descartar o que não gosto, sem culpa. Aceitar que esta pisciana é sensível, doce, sutil, delicada. E isso não é fraqueza. Simplesmente característica. Quero sim me conhecer mais e mais. Atingir a minha profundidade para poder então convidar quem mereça a mergulhar em mim junto comigo.
Quero fazer deste peixe pequeno que nada na imensidão do oceano um tubarão que sabe o que caçar quando tem fome. Quero romper o peito, desatar os nós e me livrar das armaduras criadas desde o berço para caminhar em liberdade enquanto houver vida.  Quero perder o medo de cair para poder subir cada vez mais alto. Quero jogar fora os velhos padrões e encher minha casa de comportamentos novos, ousados, destemidos.
Último grau do signo solar, último grau do signo ascendente, e a astróloga me diz que esse é um momento de virada na minha existência. Encarnação com saltos em evolução, diz ela. Acredito no zodíaco e faço as minhas preces à Lua. Que eu possa crescer a minha alma, crescer a minha matéria e obter leveza de espírito. Leveza em pensamentos, em palavras e atitudes. Porém intensidade em viver. Paixão pelos dias, pelas tardes e noites. Dançar, cantar, criar. Inspirar sofisticação e expirar beleza. Permitir – a mim e aos outros. Degustar com vagar e deglutir em pequenas porções. Sentir o aroma de cada lugar, cada situação e cada ser. Ouvir as gotas que pingam da pia enquanto os pássaros piam às seis da manhã. Tocar as diferentes texturas da natureza. Olhar o céu e ver a limpidez do azul de inverno.
Quero enxergar a minha grandeza e o brilho que trago em mim. Quero encontrar as minhas verdades sem as falsas modéstias dos indivíduos pequenos. Quero escrever, transbordar.
E ser grata, sempre. A Deus, ao universo, à vida, às pessoas que me rodeiam. Nesse momento, expresso aqui minha gratidão a mim mesma. Agradeço por ter deixado de lado o livro que pensei ler e ter optado por escrever. Eu pude,assim, desabafar.
Meia-noite e meia agora. Desligo o laptop e vou dormir tranquila.  Boa noite.