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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Divagações de um Pré-Embarque


Desde adolescente adoro o ambiente de aeroporto. O vai-e-vem, o  chega-e-sai, o chora-e-ri, as pessoas bonitas (e as nem tanto assim), os estilos diferentes ... Enfim, chegar algumas horas antes do voo não é somente cumprir uma recomendação das companhias aéreas, mas um grande divertimento.
Praça de alimentação do aeroporto Santos Dumont.  No aguardo do horário de embarque para uns dias de férias em Floripa, busco um lanche querendo  fazer hora e satisfazer o estômago. Na fila para o caixa da lanchonete, penso reconhecer à minha frente  os longos cabelos ruivos e o corpo esbelto de uma atriz que recentemente assisti no palco com texto de Artur Xexeo. No momento em que ela se vira para pegar a carteira na bolsa, me vem a certeza de quem é a mulher. E percebo então que ela está usando óculos escuros - em uma praça de alimentação fechada, isenta da luz do dia. Fico imaginando por quê. Para esconder seu rosto famoso? Ou, ao contrário, para chamar atenção para si? Para ocultar olhos que possam estar cansados? Para criar um 'look' particular? Engraçado  é que algum tempo mais tarde, na sala de embarque, identifico uma outra atriz com o seu Ray Ban no rosto. Deve ser mesmo coisa de global, não muito compreensível para uma reles mortal.
Retiro minha nota no caixa e me dirijo ao balcão. Levanto o papel,  olhando educadamente para a atendente e esperando que ela se dirija a mim. Nada acontece. Verbalizo, então: Dois pães de queijo e um expresso, por favor. Ela vem em minha direção e indaga: Dois pães de queijo e dois expressos? Repito, já sem tanta educação: Dois pães de queijo e UM expresso!  Após um pequeno instante, ela me estende um saquinho de papel e uma xícara de café. Pego o meu lanche e sento-me a uma mesa próxima. Abro o saquinho e vejo apenas um pão de queijo. Volto ao balcão, lembrando  à moça do lado de lá que eu havia pedido dois e recebido apenas um pãozinho. Ah, são dois é? Indaga ela com olhar distante. Percebo que se eu dissesse  serem quatro, receberia o meu pedido em dobro. Pouca diferença faz para ela. Tenho um lâmpejo de impaciência, que logo se transforma em curiosidade. Qual será o motivo de tamanha distração? Patetice nata? Indiferença em relação ao trabalho? Descaso pessoal? Não... Acho que isso não! Ela me entregou inclusive um sorriso juntamente com o segundo pão de queijo... Prefiro imaginar que ela estava pensando em alguma situação muito boa que viveu na noite anterior! Daí a mente fora do corpo naquele momento. É, certamente isso!
Volto à mesa de origem e passa por mim uma mulher afoita, puxando rapidamente sua mala de rodinhas. Em seguida, vejo  uma carteira feminina verde sobre a mesa vazia ao meu lado. Penso  se pertenceria à viajante apressada, mas ela já se foi. Fico observando as pessoas ao redor, tentando entender se alguém teria deixado uma carteira para marcar o lugar enquanto iria comprar algo para comer. (Tudo é possível!) Logo noto que não sou a única observadora do local. Um funcionário da lanchonete se aproxima da mesa e permanece em pé ao lado da carteira olhando ora para ela ora para as pessoas próximas. Fico imaginando quais seriam as cenas seguintes a esse capítulo. Passados poucos minutos, o homem pega a carteira e segue em direção à lanchonete. Eu o sigo com os olhos. Vejo que ele repousa a carteira em algum canto por trás do balcão e retorna ao trabalho. Terá ele a intenção de aguardar que a dona procure sua carteira? Será esse o seu desejo? Irá ele entregar a carteira a algum departamento de achados e perdidos? Ou quem sabe ele está ansioso para abrir a carteira e encontrar um bom trocado ali? Ai, que feio esse meu pensamento! Mas existem tantas pessoas feias, não é?
Continuo a acompanhar a movimentação do local. Casais enamorados, filhos mergulhados no  mundo virtual dos smartfones, executivos em ternos de trabalho, turistas de bermudas... Meus olhos enfim esbarram na tabela de voos e constato que meu embarque é imediato. 
Saio de cena e sigo rumo à Ilha da Magia.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Feliz Criança Todo Dia


Em comemoração ao dia das crianças, as redes sociais estão repletas de fotos dos seus usuários quando menininhos e menininhas. Que delícia ver imagens de pessoas que conhecemos desde aquela época distante! Que prazer conhecer agora a criança que o amigo mais recente era! O que curto é mergulhar em cada imagem e verificar o que se preservou da criança no adulto. Pode ser o olhar, a covinha no rosto...  seja o que for, alguma coisa ficou.
Adoro buscar na pele que se modificou, a expressão que se manteve ou nos dentes que estão diferentes, o sorriso que não mudou. Fico imaginando o que mais de cada criança reside no adulto que vejo agora e como cada adulto vê o que não mais existe daquela criança.  Qual será o sentimento de cada um ao ver-se na foto postada para o mundo? Saudade? Alegria? Melancolia?

Penso no ser criança e sua satisfação em simplesmente ser: autêntica, alegre, criativa. Qual criança não dá um abraço apertado sem medo da entrega? Não dá risada do que parece não ter graça? Não faz de qualquer pequena coisa um brinquedo? Olho o meu retrato e reconheço ali meus olhos curiosos, profundos, querendo ganhar o mundo. Guardo lá de trás a criatividade e procuro exercitar hoje mais espontaneidade. Sim, muito ainda da minha criança reside em mim e do que não mais existe quero resgatar a crença de que tudo é possível.
Nessa semana em que brincamos de mostrar ao mundo a nossa criança, bem que poderíamos reviver algumas brincadeiras. Que tal um pique-pega em que ao ser tocado você faz uma coisa engraçada, infantil? E para entrar no jogo, basta sentir-se tocado. Daí o inusitado pode ser fazer uma careta na rua ou cantar no ônibus... qualquer coisa que faça você e o outro rir.

A propósito do Dia das Crianças, desejo a elas que carreguem consigo a ludicidade pela vida adulta. E aos adultos, que façam brincar a criança que guardam dentro de si. A todos, feliz criança todo dia!

domingo, 6 de outubro de 2013

Liverpool para sempre


Qualquer destino de viagem é sempre muito bem-vindo. E em se tratando de cidade em país de língua inglesa, meu interesse é ainda maior, pois o contato com a cultura do povo enriquece não somente minha bagagem pessoal, mas também profissional. Porém, admito que visitar Liverpool  nunca esteve exatamente nos meus planos. Eu não tinha muito conhecimento sobre a cidade e nunca fui uma beatlemaníaca, para quem, por razões óbvias, faria todo o sentido deslocar-se para o noroeste da Grã-Bretanha.
Eis, entretanto, que em abril de 2013 a oportunidade surgiu: uma conferência de cinco dias em Liverpool. Tempo suficiente para preencher as malas da memória com novas experiências, e as malas do quarto com alguns souvenirs. Entre palestras e workshops, abre-se sempre espaço para um passeio ao shopping center, uma caminhada pela cidade e um tour pelos pontos principais. Com certeza isso ajuda a relaxar a mente tão focada em assuntos técnicos e, assim, prepará-la para um novo dia de trabalho. Afinal, ninguém é de ferro!
A ida ao shopping aconteceu em um final de tarde, quando eu e minha colega de trabalho fomos ao Liverpool ONE. Para nossa alegria, nos deparamos com um extenso centro comercial a céu aberto, que não imaginávamos pudesse ser tão completo. Mas para tristeza nossa,  já era perto das oito da noite, horário de fechamento das lojas. Exceto uma peça de roupa de boa marca a preço módico, o que adquiri foi o gostinho de imaginar quanta coisa poderia ter levado para casa se tivesse tido mais tempo.  Havia bons descontos em roupas de inverno, por exemplo, uma vez que a estação seguinte já chegara.
 Quanto a caminhar pela cidade, meu exercício foi o percurso diário do hotel para o centro de convenções e vice-versa. Nas manhãs frias e cinzentas de uma primavera atípica, eu andava apressadamente por Albert Dock, contra o vento que soprava do Rio Mersey. No final do dia, fazia o caminho oposto, em temperaturas ainda baixas, porém sob um céu de nuvens douradas. Com passos ligeiros e olhos comprimidos sob o capuz do casaco, admirava a beleza da zona portuária, contemplando o importante patrimônio mundial.
Entre os vários restaurantes e lojas ao longo das docas, estava a Beatles Story, com bonés, T-shirts, livros, CD's e tantos outros artigos dos 'Fab Four'.  E próximo dali, o local onde comprei meu ingresso para um tour de mistério e magia - o Magical Mystery Tour - um passeio em ônibus no modelo do veículo do filme homônimo, ao som dos Beatles, por locais relacionados à vida e obra dos meninos de Liverpool. Não sou uma amante inveterada dos Beatles, como disse, mas esse passeio me despertou reflexões mágicas.
À medida que o ônibus passava por pontos de referência dos integrantes do grupo, o guia dava explicações, como em qualquer passeio turístico, embora aquele não fosse um passeio qualquer. Em alguns dos pontos, o ônibus parava e saltávamos todos para fotos e contato mais próximo com as referências. Assim foi em Penny Lane, onde fiz o registro fotográfico da placa com o nome da via imortalizada por McCartney. Assim foi em Strawberry Field, onde também fotografei o portão vermelho do antigo orfanato do Exército da Salvação em que Lennon brincava durante sua infância. E assim foi na casa de número 20, em Forthlin Road, onde Paul morou durante a adolescência e vivenciou a partida da mãe pouco antes da chegada do sucesso. Essas três paradas trouxeram-me pensamentos e sensações muito inesperados.
Pensei no lirismo com que o cotidiano de Penny Lane foi retratado na canção, como pessoas que param para cumprimentar o barbeiro ou o bombeiro que estranhamente foge da chuva. O dia-a-dia de pessoas comuns sob o olhar sensível de quem parou para observar o mundo ao seu redor. Pensei em como cada um de nós poderia imortalizar a rua em que vivemos, o bairro em que moramos ou os lugares que frequentamos, simplesmente através do olhar atento e presente, tantas vezes negligenciado pela insensibilidade da pressa urbana. Não falo em tornarmos nossos arredores conhecidos mundo afora, como fizeram os meninos de Liverpool, mas em valorizá-los mundo adentro.Como é possível tornar tanta coisa simples imortal! Basta parar, estar presente e sentir.
Quanto a Strawberry Field, todos certamente tivemos os nossos campos de morango na infância. O doce lugar, a doce pessoa ou situação que nos acalentava diante das dificuldades. Retornar à doçura do passado nos momentos amargos da vida nos faz resgatar forças para superar obstáculos. A fonte de inspiração de Lennon nos lembra onde podemos buscar nossas motivações mais íntimas para seguirmos adiante.
A casa de Paul me fez refletir sobre a vida, sempre imprevisível. Ao mudar-se para a casa de tijolos vermelhos, o menino não imaginava as mudanças que sofreria o seu destino. Não poderia supor seu teto desabando, com a perda da mãe, nem a casa se reerguendo, com o crescimento da sua música. Mas assim é a vida: morada sem paredes, portas por abrir e chão e teto que se refazem, mesmo quando parecem desmoronar. É preciso acreditar na vida!

Ao final do passeio, a magia estava concluída e meu ticket to ride havia me rendido muito mais do que as duas horas corridas no relógio. O que fiz não foi simplesmente um tour temático. Fiz uma viagem através do universo, meu universo particular.
 Eu, que não tinha tanto interesse por Liverpool, jamais poderia imaginar os ensinamentos que ali me aguardavam. Aprendi bastante sobre a cidade, suas características e peculiaridades. Aprofundei conhecimento a respeito da banda mais popular do mundo. E, o mais fantástico: às lições que vieram de fora, somei aprendizados que brotaram de dentro.
O que posso dizer de Liverpool agora é que essa experiência ficou nos meus ouvidos e nos meus olhos, bem ao estilo da imortal Penny Lane. Ou ainda, ao estilo de Strawberry Field, eu diria: 'Liverpool para sempre'.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Cartão de Aniversário

O que você escreveria para o seu amor em seu aniversário de relacionamento?

Namoro ou casamento, não importa o status da relação. Importa sim a paixão, o carinho, o querer bem. A vontade de chamar ‘meu bem’ e recostar a cabeça no ombro. Saber que pode contar, que não há do que duvidar, que é possível sorrir e chorar.
 
Não importa morar junto ou separado. Importa é tê-lo sempre ao lado, para ouvir e falar, dividir e contar como foi o seu dia, o que lhe trouxe tristeza ou alegria.

Gostos semelhantes ou distintos, pouca diferença faz a opinião. Difere sim é o respeito pelo ‘não’, o companheirismo e a compreensão.
 
Uma dose de ciúme instiga o sentimento. Mas ciúme em excesso traz ressaca e dor de cabeça. O que vale é combater a embriaguês da insegurança. E acreditar no gesto que só você conhece, nas palavras que só você entende e no olhar que só você traduz.
 
Revirar o passado, só se for por coisas boas. Lembrança dos dois à toa, encantados um com o outro. Relembrar momentos, só dos dois juntos, pois não importa o mundo antes desse encontro.
 
Projetos para o futuro alimentam a relação. Mas é no presente que se entrega o coração. E sem coração presente não há semente que vingue.
 
No dia do seu aniversário de relacionamento, brinde! E escreva sobre o que realmente importa, faz diferença e vale a pena entre vocês. Citando o poetinha, deseje que seja infinito enquanto dure o seu amor. E sendo o amor verdadeiro, que ele dure por toda a vida!