Ler ou escrever? Eis a questão. Dormir não deveria ser, mas é sim a última opção. Amanhã é dia de acordar cedo, dia de trabalho intenso, e onze horas da noite não parece ser horário para nada além de ir para a cama. Entretanto, o livro de um lado e o laptop do outro me trazem a dúvida: Continuar a trajetória espiritual de Liz em ‘Comer, Rezar e Amar’ ou digitar parte da minha própria jornada de vida? O egocentrismo venceu e aqui estou eu, computador no colo, a escrever.
Egocêntrica? Há quem pense que sim. Mas quem não o é, ao menos em algum momento da vida? Quero buscar os meus interesses, a minha satisfação, o meu prazer. Reconhecer o que gosto e descartar o que não gosto, sem culpa. Aceitar que esta pisciana é sensível, doce, sutil, delicada. E isso não é fraqueza. Simplesmente característica. Quero sim me conhecer mais e mais. Atingir a minha profundidade para poder então convidar quem mereça a mergulhar em mim junto comigo.
Quero fazer deste peixe pequeno que nada na imensidão do oceano um tubarão que sabe o que caçar quando tem fome. Quero romper o peito, desatar os nós e me livrar das armaduras criadas desde o berço para caminhar em liberdade enquanto houver vida. Quero perder o medo de cair para poder subir cada vez mais alto. Quero jogar fora os velhos padrões e encher minha casa de comportamentos novos, ousados, destemidos.
Último grau do signo solar, último grau do signo ascendente, e a astróloga me diz que esse é um momento de virada na minha existência. Encarnação com saltos em evolução, diz ela. Acredito no zodíaco e faço as minhas preces à Lua. Que eu possa crescer a minha alma, crescer a minha matéria e obter leveza de espírito. Leveza em pensamentos, em palavras e atitudes. Porém intensidade em viver. Paixão pelos dias, pelas tardes e noites. Dançar, cantar, criar. Inspirar sofisticação e expirar beleza. Permitir – a mim e aos outros. Degustar com vagar e deglutir em pequenas porções. Sentir o aroma de cada lugar, cada situação e cada ser. Ouvir as gotas que pingam da pia enquanto os pássaros piam às seis da manhã. Tocar as diferentes texturas da natureza. Olhar o céu e ver a limpidez do azul de inverno.
Quero enxergar a minha grandeza e o brilho que trago em mim. Quero encontrar as minhas verdades sem as falsas modéstias dos indivíduos pequenos. Quero escrever, transbordar.
E ser grata, sempre. A Deus, ao universo, à vida, às pessoas que me rodeiam. Nesse momento, expresso aqui minha gratidão a mim mesma. Agradeço por ter deixado de lado o livro que pensei ler e ter optado por escrever. Eu pude,assim, desabafar.
Meia-noite e meia agora. Desligo o laptop e vou dormir tranquila. Boa noite.
Degustar a vida e deglutir em pequenas porções. Viver!
ResponderExcluirAna, você com certeza fez a escolha certa. Umas horinhas a mais não dormidas, mas tenho certeza de que as próximas horas, as que nascem depois do 'output,' valem muito mais. Valem o dobro.
ResponderExcluirQue belo desabafo, Ana!:)
ResponderExcluirLindo e verdadeiro Ana. Quando os pensamentos tomam conta de nós, há noite, não nos deixando dormir em paz não há nada melhor do que desabafar escrevendo aquilo que não nos deixa relaxar. Isso as vezes pode vir a ser a melhor terapia! Estou adorando seus textos! bjokas
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