Qualquer destino de viagem é sempre muito bem-vindo. E em
se tratando de cidade em país de língua inglesa, meu interesse é ainda maior,
pois o contato com a cultura do povo enriquece não somente minha bagagem
pessoal, mas também profissional. Porém, admito que visitar Liverpool nunca esteve exatamente nos meus planos. Eu
não tinha muito conhecimento sobre a cidade e nunca fui uma beatlemaníaca, para
quem, por razões óbvias, faria todo o sentido deslocar-se para o noroeste da
Grã-Bretanha.
Eis, entretanto, que em abril de 2013 a oportunidade surgiu: uma conferência de cinco dias em Liverpool. Tempo suficiente para preencher as malas da memória com novas experiências, e as malas do quarto com alguns souvenirs. Entre palestras e workshops, abre-se sempre espaço para um passeio ao shopping center, uma caminhada pela cidade e um tour pelos pontos principais. Com certeza isso ajuda a relaxar a mente tão focada em assuntos técnicos e, assim, prepará-la para um novo dia de trabalho. Afinal, ninguém é de ferro!
A ida ao shopping aconteceu em um final de tarde, quando eu e minha colega de trabalho fomos ao Liverpool ONE. Para nossa alegria, nos deparamos com um extenso centro comercial a céu aberto, que não imaginávamos pudesse ser tão completo. Mas para tristeza nossa, já era perto das oito da noite, horário de fechamento das lojas. Exceto uma peça de roupa de boa marca a preço módico, o que adquiri foi o gostinho de imaginar quanta coisa poderia ter levado para casa se tivesse tido mais tempo. Havia bons descontos em roupas de inverno, por exemplo, uma vez que a estação seguinte já chegara.
Quanto a caminhar pela cidade, meu exercício foi o percurso diário do hotel para o centro de convenções e vice-versa. Nas manhãs frias e cinzentas de uma primavera atípica, eu andava apressadamente por Albert Dock, contra o vento que soprava do Rio Mersey. No final do dia, fazia o caminho oposto, em temperaturas ainda baixas, porém sob um céu de nuvens douradas. Com passos ligeiros e olhos comprimidos sob o capuz do casaco, admirava a beleza da zona portuária, contemplando o importante patrimônio mundial.
Entre os vários restaurantes e lojas ao longo das docas,
estava a Beatles Story, com bonés, T-shirts, livros, CD's e tantos outros
artigos dos 'Fab Four'. E próximo dali,
o local onde comprei meu ingresso para um tour de mistério e magia - o Magical
Mystery Tour - um passeio em ônibus no modelo do veículo do filme homônimo, ao
som dos Beatles, por locais relacionados à vida e obra dos meninos de
Liverpool. Não sou uma amante inveterada dos Beatles, como disse, mas esse
passeio me despertou reflexões mágicas.Eis, entretanto, que em abril de 2013 a oportunidade surgiu: uma conferência de cinco dias em Liverpool. Tempo suficiente para preencher as malas da memória com novas experiências, e as malas do quarto com alguns souvenirs. Entre palestras e workshops, abre-se sempre espaço para um passeio ao shopping center, uma caminhada pela cidade e um tour pelos pontos principais. Com certeza isso ajuda a relaxar a mente tão focada em assuntos técnicos e, assim, prepará-la para um novo dia de trabalho. Afinal, ninguém é de ferro!
A ida ao shopping aconteceu em um final de tarde, quando eu e minha colega de trabalho fomos ao Liverpool ONE. Para nossa alegria, nos deparamos com um extenso centro comercial a céu aberto, que não imaginávamos pudesse ser tão completo. Mas para tristeza nossa, já era perto das oito da noite, horário de fechamento das lojas. Exceto uma peça de roupa de boa marca a preço módico, o que adquiri foi o gostinho de imaginar quanta coisa poderia ter levado para casa se tivesse tido mais tempo. Havia bons descontos em roupas de inverno, por exemplo, uma vez que a estação seguinte já chegara.
Quanto a caminhar pela cidade, meu exercício foi o percurso diário do hotel para o centro de convenções e vice-versa. Nas manhãs frias e cinzentas de uma primavera atípica, eu andava apressadamente por Albert Dock, contra o vento que soprava do Rio Mersey. No final do dia, fazia o caminho oposto, em temperaturas ainda baixas, porém sob um céu de nuvens douradas. Com passos ligeiros e olhos comprimidos sob o capuz do casaco, admirava a beleza da zona portuária, contemplando o importante patrimônio mundial.
À medida que o ônibus passava por pontos de referência dos integrantes do grupo, o guia dava explicações, como em qualquer passeio turístico, embora aquele não fosse um passeio qualquer. Em alguns dos pontos, o ônibus parava e saltávamos todos para fotos e contato mais próximo com as referências. Assim foi em Penny Lane, onde fiz o registro fotográfico da placa com o nome da via imortalizada por McCartney. Assim foi em Strawberry Field, onde também fotografei o portão vermelho do antigo orfanato do Exército da Salvação em que Lennon brincava durante sua infância. E assim foi na casa de número 20, em Forthlin Road, onde Paul morou durante a adolescência e vivenciou a partida da mãe pouco antes da chegada do sucesso. Essas três paradas trouxeram-me pensamentos e sensações muito inesperados.
Pensei no lirismo com que o cotidiano de Penny Lane foi retratado na canção, como pessoas que param para cumprimentar o barbeiro ou o bombeiro que estranhamente foge da chuva. O dia-a-dia de pessoas comuns sob o olhar sensível de quem parou para observar o mundo ao seu redor. Pensei em como cada um de nós poderia imortalizar a rua em que vivemos, o bairro em que moramos ou os lugares que frequentamos, simplesmente através do olhar atento e presente, tantas vezes negligenciado pela insensibilidade da pressa urbana. Não falo em tornarmos nossos arredores conhecidos mundo afora, como fizeram os meninos de Liverpool, mas em valorizá-los mundo adentro.Como é possível tornar tanta coisa simples imortal! Basta parar, estar presente e sentir.
Quanto a Strawberry Field, todos certamente tivemos os nossos campos de morango na infância. O doce lugar, a doce pessoa ou situação que nos acalentava diante das dificuldades. Retornar à doçura do passado nos momentos amargos da vida nos faz resgatar forças para superar obstáculos. A fonte de inspiração de Lennon nos lembra onde podemos buscar nossas motivações mais íntimas para seguirmos adiante.
A casa de Paul me fez refletir sobre a vida, sempre imprevisível. Ao mudar-se para a casa de tijolos vermelhos, o menino não imaginava as mudanças que sofreria o seu destino. Não poderia supor seu teto desabando, com a perda da mãe, nem a casa se reerguendo, com o crescimento da sua música. Mas assim é a vida: morada sem paredes, portas por abrir e chão e teto que se refazem, mesmo quando parecem desmoronar. É preciso acreditar na vida!
Ao final do passeio, a magia estava concluída e meu ticket to ride havia me rendido muito mais do que as duas horas corridas no relógio. O que fiz não foi simplesmente um tour temático. Fiz uma viagem através do universo, meu universo particular.
Eu, que não tinha tanto interesse por Liverpool, jamais poderia imaginar os ensinamentos que ali me aguardavam. Aprendi bastante sobre a cidade, suas características e peculiaridades. Aprofundei conhecimento a respeito da banda mais popular do mundo. E, o mais fantástico: às lições que vieram de fora, somei aprendizados que brotaram de dentro.
O que posso dizer de Liverpool agora é que essa experiência ficou nos meus ouvidos e nos meus olhos, bem ao estilo da imortal Penny Lane. Ou ainda, ao estilo de Strawberry Field, eu diria: 'Liverpool para sempre'.
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